domingo, 14 de abril de 2013

Redação - Aula do dia 18/04/13



Por Profa. Mércia

Texto dissertativo-argumentativo


Como desenvolver os argumentos num texto dissertativo/argumentativo

            A eficácia de um texto dissertativo/argumentativo depende da correta seleção e articulação de argumentos. Existem, basicamente, quatro tipos de argumento a que se pode recorrer.

v  Argumento baseado no senso comum – fundamenta-se em valores reconhecidamente partilhados pela maioria das pessoas pertencentes em uma sociedade;
v  Argumento baseado em citação – cita a opinião de uma autoridade no assunto em pauta;
v  Argumento baseado em evidências – apresenta fatos (dados estatísticos, pesquisas, informações científicas, exemplos reais ou hipotéticos) que comprovem a tese e confirmam crédito ao texto;
v  Argumento baseado no raciocínio lógico – estabelece relações lógicas entre as ideias apresentadas. Tais relações podem ser de causa e consequência, de analogia, de oposição, dentre outras.

Texto 1
O código da burrice
            Entre as besteiras que circulam por aí sobre "O Código Da Vinci", a mais arrepiante é que a história do casamento de Jesus com Maria Madalena derruba um "dogma" da Igreja Católica. [...]
            Jesus casou, e daí? Sugerir que, ao longo dos séculos, a Igreja Católica boicotou esse casamento é uma besteira que nem merece o nome de folclore religioso. E procurar descendentes do casal ao longo da história equivale à procura da mula-sem-cabeça e do saci-pererê.
            Umberto Eco, que além de romancista é um ensaísta de peso, disse tudo quando foi questionado sobre "O Código da Vinci": uma burrice. Casado ou solteiro, Jesus, para seus crentes, será sempre a alegria dos homens. [...]
Carlos Heitor Cony. Folha de S. Paulo, 25 maio 2006. (Fragmento)
            Um assassinato dentro do Museu do Louvre, em Paris, traz à tona uma sinistra conspiração para revelar um segredo que foi protegido por uma sociedade secreta desde os tempos de Jesus Cristo. A vítima é o respeitado curador do museu, Jacques Saunière, um dos líderes dessa antiga fraternidade, o Priorado de Sião, que já teve como membros Leonardo da Vinci, Victor Hugo e Isaac Newton. Momentos antes de morrer, Saunière consegue deixar uma mensagem cifrada na cena do crime que apenas sua neta, a criptógrafa (profissional que ajuda a proteger arquivos e impede que outras pessoas os exibam ou alterem) francesa Sophie Neveu, e Robert Langdon, um famoso simbologista de Harvard, podem desvendar. Os dois transformam-se em suspeitos e em detetives enquanto percorrem as ruas de Paris e de Londres tentando decifrar um intricado quebra-cabeça que pode lhes revelar um segredo milenar que envolve a Igreja Católica. Apenas alguns passos à frente das autoridades e do perigoso assassino, Sophie e Robert vão à procura de pistas ocultas nas obras de Da Vinci e se debruçam sobre alguns dos maiores mistérios da cultura ocidental - da natureza do sorriso da Mona Lisa ao significado do Santo Graal (é uma expressão medieval que designa normalmente o cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia). Mesclando com perfeição os ingredientes de uma envolvente história de suspense com informações sobre obras de arte, documentos e rituais secretos, Dan Brown consagrou-se como um dos autores mais brilhantes da atualidade. "O Código da Vinci" prende o leitor da primeira à última página.


                


Texto 2
A corrida para clonar seres humanos
            Os argumentos morais e religiosos contra a clonagem também evocam o que algumas pessoas disseram sobre a fertilização in vitro há 30 anos. Algumas dos primeiros críticos da fertilização acreditavam que ela ameaçava o próprio tecido da civilização: casamento, fidelidade, a essência da família; nosso senso de quem somos e para aonde vamos; o que significa ser humano, conectado, normal, aceitável; ideias sobre o amor e sexo; a disposição de se render ao mais maravilhoso e inescrutável dos mistérios. Se se permitisse que a fertilização in vitro prosseguisse, disseram alguns críticos, todos esses fios seriam desentrelaçados.
            Agora podemos verificar que eles não se desentrelaçaram - ou, até o ponto em que isso aconteceu, não foi por causa desse método de fertilização. Mesmo assim, alguns dos mesmos argumentos éticos estão sendo apresentados hoje contra a clonagem.
            A analogia é imperfeita, é claro, como são a maioria das analogias. A fertilização in vitro foi uma forma de dar à Mãe Natureza uma mão quando se tratava da concepção, enquanto a clonagem deixa a Mãe Natureza convencida do seu valor.
            Na fertilização in vitro, a natureza é imitada, não subvertida. A única coisa que muda é o lugar onde o óvulo e o espermatozoide se juntam. Depois disso, as coisas seguem da forma normal. Já a clonagem é uma questão mais complicada. Ela deixa de fora todo o motivo da reprodução sexual - a mistura da herança de um pai e de uma mãe para formar uma nova vida, esplêndida e única.
            Em 2002, após o nascimento de quase meio milhão de bebês de proveta normais e muito amados em todo o mundo, podemos ver a relativa inofensividade da fertilização in vitro. Mas não parecia inofensivo na década de 70, quando não sabíamos que a história teria um final feliz.
            Realmente não sabemos, em 2002, qual será o final da história da clonagem humana - para os clones nem para o resto de nós. Mas da mesma forma como nossa atitude coletiva em relação à fertilização in vitro deu uma guinada de 180 graus depois que os primeiros bebês de proveta mostraram ser normais, talvez haja uma evolução análoga na nossa atitude em relação às tecnologias genéticas e reprodutivas que hoje parecem muito estranhas. Não apenas a clonagem, mas também a manipulação de nossos destinos genéticos pela alteração de nossas células para tornar nossos filhos mais altos ou mais bonitos, por exemplo, ou a troca de genes com outros animais.
            Ao menos algumas das técnicas mais improváveis deste novo século podem eventualmente se transformar em lugar comum, a ponto de não implicar uma necessidade aparente de deliberação ou debate. Em última análise, algumas destas invenções genéticas podem se tornar, como ocorreu com a fertilização in vitro, apenas uma parte da paisagem no estranho território dos genomas, genes e da geração.
Robin Marantz Henig. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 22 dez. 2002. (Fragmento)

Texto 3
Favelofobia, um veneno social 
            [...]
            A favelofobia é um veneno social. Poucas cidades tiveram tantas favelas removidas quanto o Rio de Janeiro e nenhuma cidade tem tantas favelas quanto o Rio de Janeiro. O Central Park de Nova York já teve quilombo, mas ele se acabou. Falta pouco para que o Leblon volte a ter o seu. Grandes favelas do Rio, como a Rocinha, o Dona Marta e o Alemão, surgiram há mais de 40 anos. Quem resolveu morar perto delas comprou um risco. Infelizmente, arriscou na cidade errada. Nos anos 90, não havia força humana capaz de fazer com que um bípede branco comprasse um apartamento no Central Park Norte, em Nova York. Sem soluções heroicas, pelo simples exercício do voto e pela administração dos poderes e obrigações do Estado, um terreno desse pedaço, vendido em 1996 por US$ 560 mil, acaba de ser comprado por US$ 5,5 milhões. Quem está sendo removido não são os favelados. São os não-favelados. Esses dois pedaços do Brasil precisam descobrir uma forma de convivência sem a premissa da eliminação do outro. Parece sonho, mas é melhor que pesadelo.
Elio Gasparl. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 out. 2005. (Fragmento)

1.    O texto 1 é uma crítica ao livro O Código da Vinci, de Dan Brown. Qual a opinião de Carlos Heitor Cony sobre esse livro?
a)    Quais argumentos ele usa para sustentar sua opinião?
b)    Cony usa, entre outros, um argumento baseado em citação. Por que ele citou a opinião de Umberto Eco?
c)    Se a opinião citada fosse de uma pessoa não relacionada à literatura – por exemplo, de um jogador de futebol -, teria o mesmo efeito? Justifique.
2.    Qual o recurso usado pelo autor do texto 2 para explanar e defender suas ideias?
a)    Segundo o texto, quais as semelhanças e diferenças entre fertilização in vitro e clonagem?
b)    Tanto a analogia (semelhanças entre fertilização in vitro e clonagem) quanto a oposição (diferenças entre as duas técnicas) são espécies de argumento baseado no raciocínio lógico. Além desse tipo de argumento, o autor do texto 2 também usou um argumento baseado em evidências, isto é, em fatos, dados estatísticos, etc. Localize-o no texto.

3.    A partir da leitura do texto 3, o que você entende por favelofobia?
a)    Qual a opinião central, ou a tese, do texto 3?
b)    Para defender sua tese, o autor lança mão de vários tipos de argumento, entre eles uma comparação. Ele compara o histórico das favelas cariocas com o do Central Park Norte, em Nova York. Qual a semelhança entre os dois bairros?
c)    Ainda segundo o texto, qual a diferença entre as favelas cariocas e o Central Park Norte de Nova York?
d)    Dentro dessa comparação, também vemos outro exemplo de argumento baseado em raciocínio lógico, no caso, em uma relação de causa-consequência: segundo o texto, qual a causa da valorização dos terrenos no Central Park Norte?
e)    Explique esta frase do texto:
“Quem está sendo removido não  são os favelados.  São os não-favelados”.
f)     A comparação entre as favelas cariocas e o Central Park Norte lhe parece pertinente?

4.    No início do texto 3, o autor usa um argumento baseado em evidências: “Poucas cidades tiveram tantas favelas removidas quanto o Rio de Janeiro e nenhuma cidade tem tantas favelas quanto o Rio de Janeiro”.
a)    É verdade que “nenhuma cidade tem tantas favelas quanto o Rio de Janeiro”?
b)    Caso não seja verdade, você acha que o argumento continua válido?

5.    Outro argumento baseado em evidências muito usado em argumentações é o exemplo, que pode ser real ou hipotético. Elio Gaspari dá como exemplo da valorização de imóveis no Central Park um terreno que foi vendido em 1996 por US$ 560 mil e comprado por US$ 5,5 milhões em 2002. Se quisesse dar mais exemplos para reforçar seu raciocínio na comparação entre o Central Park e as favelas cariocas, quais destes o autor poderia usar? Justifique.
(a)  O exemplo de um barraco na favela da Rocinha que valia R$ 5.000,00 dez na os atrás e hoje vale R$ 50.000,00
(b)  Uma obra de revitalização que valorizou os imóveis do Central Park Norte.
Uma obra de revitalização que valorizou os imóveis do Morro de Dona Marta.

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