Por Profa. Mércia
Texto
dissertativo-argumentativo
Como desenvolver os
argumentos num texto dissertativo/argumentativo
A eficácia
de um texto dissertativo/argumentativo depende da correta seleção e articulação
de argumentos. Existem, basicamente, quatro tipos de argumento a que se pode
recorrer.
v
Argumento
baseado no senso comum – fundamenta-se
em valores reconhecidamente partilhados pela maioria das pessoas pertencentes em
uma sociedade;
v
Argumento
baseado em citação – cita
a opinião de uma autoridade no assunto em pauta;
v
Argumento
baseado em evidências – apresenta
fatos (dados estatísticos, pesquisas, informações científicas, exemplos reais
ou hipotéticos) que comprovem a tese e confirmam crédito ao texto;
v
Argumento
baseado no raciocínio lógico – estabelece
relações lógicas entre as ideias apresentadas. Tais relações podem ser de causa
e consequência, de analogia, de oposição, dentre outras.
Texto 1
O código da burrice
Entre as besteiras que circulam por
aí sobre "O Código Da Vinci", a mais arrepiante é que a história do
casamento de Jesus com Maria Madalena derruba um "dogma" da Igreja
Católica. [...]
Jesus casou, e daí? Sugerir que, ao
longo dos séculos, a Igreja Católica boicotou esse casamento é uma besteira que
nem merece o nome de folclore religioso. E procurar descendentes do casal ao
longo da história equivale à procura da mula-sem-cabeça e do saci-pererê.
Umberto Eco, que além de romancista
é um ensaísta de peso, disse tudo quando foi questionado sobre "O Código
da Vinci": uma burrice. Casado ou solteiro, Jesus, para seus crentes, será
sempre a alegria dos homens. [...]
Carlos Heitor Cony. Folha de S. Paulo, 25 maio 2006. (Fragmento)
Um assassinato dentro do Museu do
Louvre, em Paris, traz à tona uma sinistra conspiração para revelar um
segredo que foi protegido por uma sociedade secreta desde os tempos de Jesus
Cristo. A vítima é o respeitado curador do museu, Jacques Saunière, um dos
líderes dessa antiga fraternidade, o Priorado de Sião, que já teve como
membros Leonardo da Vinci, Victor Hugo e Isaac Newton. Momentos antes de
morrer, Saunière consegue deixar uma mensagem cifrada na cena do crime que
apenas sua neta, a criptógrafa (profissional que ajuda a proteger arquivos e impede que outras pessoas
os exibam ou alterem) francesa Sophie Neveu, e Robert Langdon,
um famoso simbologista de Harvard, podem desvendar. Os dois transformam-se em
suspeitos e em detetives enquanto percorrem as ruas de Paris e de Londres
tentando decifrar um intricado quebra-cabeça que pode lhes revelar um segredo
milenar que envolve a Igreja Católica. Apenas alguns passos à frente das
autoridades e do perigoso assassino, Sophie e Robert vão à procura de pistas
ocultas nas obras de Da Vinci e se debruçam sobre alguns dos maiores
mistérios da cultura ocidental - da natureza do sorriso da Mona Lisa ao
significado do Santo Graal (é uma expressão
medieval que designa normalmente o cálice usado por Jesus Cristo na Última
Ceia). Mesclando com perfeição os ingredientes de uma envolvente
história de suspense com informações sobre obras de arte, documentos e
rituais secretos, Dan Brown consagrou-se como um dos autores mais brilhantes
da atualidade. "O Código da Vinci" prende o leitor da primeira à
última página.
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Texto 2
A corrida para clonar
seres humanos
Os argumentos
morais e religiosos contra a clonagem também evocam o que algumas pessoas
disseram sobre a fertilização in vitro
há 30 anos. Algumas dos primeiros críticos da fertilização acreditavam que ela
ameaçava o próprio tecido da civilização: casamento, fidelidade, a essência da
família; nosso senso de quem somos e para aonde vamos; o que significa ser
humano, conectado, normal, aceitável; ideias sobre o amor e sexo; a disposição
de se render ao mais maravilhoso e inescrutável dos mistérios. Se se permitisse
que a fertilização in vitro
prosseguisse, disseram alguns críticos, todos esses fios seriam
desentrelaçados.
Agora podemos verificar que eles não
se desentrelaçaram - ou, até o ponto em que isso aconteceu, não foi por causa
desse método de fertilização. Mesmo assim, alguns dos mesmos argumentos éticos
estão sendo apresentados hoje contra a clonagem.
A analogia é
imperfeita, é claro, como são a maioria das analogias. A fertilização in vitro foi uma forma de dar à Mãe
Natureza uma mão quando se tratava da concepção, enquanto a clonagem deixa a
Mãe Natureza convencida do seu valor.
Na fertilização in vitro, a natureza é imitada, não
subvertida. A única coisa que muda é o lugar onde o óvulo e o espermatozoide se
juntam. Depois disso, as coisas seguem da forma normal. Já a clonagem é uma
questão mais complicada. Ela deixa de fora todo o motivo da reprodução sexual -
a mistura da herança de um pai e de uma mãe para formar uma nova vida,
esplêndida e única.
Em 2002, após o
nascimento de quase meio milhão de bebês de proveta normais e muito amados em
todo o mundo, podemos ver a relativa inofensividade da fertilização in vitro. Mas não parecia inofensivo na
década de 70, quando não sabíamos que a história teria um final feliz.
Realmente não
sabemos, em 2002, qual será o final da história da clonagem humana - para os
clones nem para o resto de nós. Mas da mesma forma como nossa atitude coletiva
em relação à fertilização in vitro
deu uma guinada de 180 graus depois que os primeiros bebês de proveta mostraram
ser normais, talvez haja uma evolução análoga na nossa atitude em relação às
tecnologias genéticas e reprodutivas que hoje parecem muito estranhas. Não
apenas a clonagem, mas também a manipulação de nossos destinos genéticos pela
alteração de nossas células para tornar nossos filhos mais altos ou mais bonitos,
por exemplo, ou a troca de genes com outros animais.
Ao menos algumas
das técnicas mais improváveis deste novo século podem eventualmente se
transformar em lugar comum, a ponto de não implicar uma necessidade aparente de
deliberação ou debate. Em última análise, algumas destas invenções genéticas
podem se tornar, como ocorreu com a fertilização in vitro, apenas uma parte da paisagem no estranho território dos
genomas, genes e da geração.
Robin Marantz Henig. O
Estado de S. Paulo, São Paulo, 22 dez. 2002. (Fragmento)
Texto 3
Favelofobia, um veneno
social
[...]
A favelofobia é um veneno social.
Poucas cidades tiveram tantas favelas removidas quanto o Rio de Janeiro e
nenhuma cidade tem tantas favelas quanto o Rio de Janeiro. O Central Park de
Nova York já teve quilombo, mas ele se acabou. Falta pouco para que o Leblon
volte a ter o seu. Grandes favelas do Rio, como a Rocinha, o Dona Marta e o
Alemão, surgiram há mais de 40 anos. Quem resolveu morar perto delas comprou um
risco. Infelizmente, arriscou na cidade errada. Nos anos 90, não havia força
humana capaz de fazer com que um bípede branco comprasse um apartamento no
Central Park Norte, em Nova York. Sem soluções heroicas, pelo simples exercício
do voto e pela administração dos poderes e obrigações do Estado, um terreno
desse pedaço, vendido em 1996 por US$ 560 mil, acaba de ser comprado por US$
5,5 milhões. Quem está sendo removido não são os favelados. São os
não-favelados. Esses dois pedaços do Brasil precisam descobrir uma forma de
convivência sem a premissa da eliminação do outro. Parece sonho, mas é melhor
que pesadelo.
Elio
Gasparl. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 12 out. 2005. (Fragmento)
1. O
texto 1 é uma crítica ao livro O Código
da Vinci, de Dan Brown. Qual a opinião de Carlos Heitor Cony sobre esse
livro?
a) Quais
argumentos ele usa para sustentar sua opinião?
b) Cony
usa, entre outros, um argumento baseado
em citação. Por que ele citou a opinião de Umberto Eco?
c) Se a
opinião citada fosse de uma pessoa não relacionada à literatura – por exemplo,
de um jogador de futebol -, teria o mesmo efeito? Justifique.
2. Qual
o recurso usado pelo autor do texto 2 para explanar e defender suas ideias?
a) Segundo
o texto, quais as semelhanças e diferenças entre fertilização in vitro e clonagem?
b) Tanto
a analogia (semelhanças entre fertilização in vitro e clonagem) quanto a
oposição (diferenças entre as duas técnicas) são espécies de argumento baseado no raciocínio lógico.
Além desse tipo de argumento, o autor do texto 2 também usou um argumento baseado em evidências, isto
é, em fatos, dados estatísticos, etc. Localize-o no texto.
3. A
partir da leitura do texto 3, o que você entende por favelofobia?
a) Qual
a opinião central, ou a tese, do texto 3?
b) Para
defender sua tese, o autor lança mão de vários tipos de argumento, entre eles
uma comparação. Ele compara o
histórico das favelas cariocas com o do Central Park Norte, em Nova York. Qual
a semelhança entre os dois bairros?
c) Ainda
segundo o texto, qual a diferença entre as favelas cariocas e o Central Park
Norte de Nova York?
d) Dentro
dessa comparação, também vemos outro exemplo de argumento baseado em raciocínio lógico, no caso, em uma relação
de causa-consequência: segundo o texto, qual a causa da valorização dos
terrenos no Central Park Norte?
e) Explique
esta frase do texto:
“Quem está sendo removido não são os favelados. São os não-favelados”.
|
f) A
comparação entre as favelas cariocas e o Central Park Norte lhe parece
pertinente?
4. No
início do texto 3, o autor usa um argumento baseado em evidências: “Poucas
cidades tiveram tantas favelas removidas quanto o Rio de Janeiro e nenhuma
cidade tem tantas favelas quanto o Rio de Janeiro”.
a) É
verdade que “nenhuma cidade tem tantas favelas quanto o Rio de Janeiro”?
b) Caso
não seja verdade, você acha que o argumento continua válido?
5. Outro
argumento baseado em evidências muito usado em argumentações é o exemplo,
que pode ser real ou hipotético. Elio Gaspari dá como exemplo da valorização de
imóveis no Central Park um terreno que foi vendido em 1996 por US$ 560 mil e
comprado por US$ 5,5 milhões em 2002. Se quisesse dar mais exemplos para reforçar
seu raciocínio na comparação entre o Central Park e as favelas cariocas, quais
destes o autor poderia usar? Justifique.
(a) O
exemplo de um barraco na favela da Rocinha que valia R$ 5.000,00 dez na os
atrás e hoje vale R$ 50.000,00
(b) Uma
obra de revitalização que valorizou os imóveis do Central Park Norte.
Uma obra de
revitalização que valorizou os imóveis do Morro de Dona Marta.
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