domingo, 14 de abril de 2013

Redação - Aula do dia 14/03/13

Por Profa. Mércia

Texto dissertativo-argumentativo

A dissertação/argumentativa é um texto que se caracteriza por analisar, explicar, interpretar e avaliar os vários aspectos associados a uma determinada questão. A finalidade da dissertação/argumentativa, portanto, é explicitar um ponto de vista claro e articulado sobre um tema específico.

            A seguir a apresentação de um texto de um candidato (não foram feitas alterações ou correções neste texto a seguir). Essa dissertação foi escrita em resposta à seguinte proposta:
Trabalhe sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:
A cidade é o lugar da vida, espaço físico no qual acontecem encontros, negociações, tensões, num dinamismo permanente de criação e transformação.
Instruções:

·Discuta a cidade como um espaço múltiplo;
·Argumente em favor de uma visão dinâmica dessa
multiplicidade;
·Explore os argumentos para mostrar que a cidade é um espaço
que se configura a partir de relações diversas.

Estrutura

            Com o auxílio de uma dissertação/argumentativa, também escrita em resposta ao tema cidade, vamos compreender melhor o que significa afirmar que esses textos se estruturam em torno de uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão.

Cidade: sincretismo do mundo

Título: apresentação concisa da tese a ser desenvolvida no texto.
O termo sincretismo foi escolhido para representar a multiplicidade características das cidades.

(Observação - Sincretismo: fusão de elementos culturais diversos, ou de culturas distintas, ou de diferentes sistemas sociais.)

         Cada cidade é um mundo em miniatura onde coexistem os mais diferentes tipos humanos, arquitetônicos e naturais. Com seu dinamismo, a cidade atrai e expele, glorifica e massacra, dá a vida e também a tira de seus filhos sejam eles naturais ou adotivos. Somos nela criados, somos por ela educados, sentimo-nos estrangeiros fora de nossa cidade, ela é o centro da nossa existência.

1º parágrafo: início do texto pela apresentação da tese que a autora irá defender por meio de sua análise. Esse parágrafo cria a expectativa do que deverá ser demonstrado pelo texto para comprovar a tese anunciada.
 
           Miscigenação de raças, classes sociais e profissionais, desenhos habitacionais cotidianos e irregulares, sede do poder e da pobreza, o centro urbano reúne em si vitória e derrota, felicidade e dor, contradição. Há o que busca a vida tranquila na rocinha, há o que busca apenas o lazer no shopping center, o reduto mundial do consumismo. Cidade é permissão. Cidade é coação. "Faz o que tu queres, mas serás julgado por tudo." A cidade é o espaço singular onde nascemos, vivemos e morreremos, que conhecemos tão bem, mas que explicamos sem explicar. A cidade ou não tem explicação ou permite todas as explicações.

2º parágrafo: início da análise (etapa de desenvolvimento) A autora do texto enumera uma série de características observáveis nas cidades, que, por si sós, já constituem argumentos para sustentar a tese de que a cidade é o espaço múltiplo, “um mundo em miniatura.”

             O espaço urbano é construído com base nos tipos que nele habitam ou são os tipos que são moldados pelo ambiente? Local da multiplicidade, da integração e da discórdia, o sincretismo urbano é, para muitos, o sonho da mudança acertada, o caminho da felicidade. É São Paulo para os sertanejos. É Rio de Janeiro para Macabeia: é a cidade feita contra pessoas. Visão ingênua desse mundo contraditório, ela representa a realização do sonho das massas. A cidade, em sua grandiosidade, é protetora e é perversa, é a paz e é o inferno, é a certeza e é a contradição. Há a possibilidade de se filosofar sobre ela, de divagar sobre seus prós e seus contras, sobre seu bem e sobre o mal. Todavia, conhecer uma cidade é como conhecer uma pessoa, é vivê-la, é sofrê-la, é amá-la. A cidade é a nossa própria vida.

3º parágrafo: introduzido por uma pergunta, esse parágrafo continua a enumerar aspectos observáveis nos centros urbanos.

            Tanto é a nossa vida que está em nós. Está em nossas roupas, em nosso jeito de ser, em nossos gostos, em nossa falta. O porto-alegrense é um singular. Ao florianopolitano não tem igual, é o mané da ilha, Guga para o mundo. Quem confunde um carioca com um soteropolitano? Cidade é identidade. Somos a nossa cidade, somos estrangeiros fora dela. Curitibano em Manaus é brasileiro no Japão - ambos expatriados - porque o fixo e o fluxo de Curitiba e de Manaus são opostos, como os do Brasil o são aos do Japão. Uma cidade forma-se de pessoas, partículas homogêneas que, todas juntas com suas diferenças, dão o ar heterogêneo que é a cara da cidade.

4º parágrafo: demonstração, por meio de exemplos, das justificações para a metáfora que concluiu o 3º parágrafo.

             Mundo, vasto mundo, teu início é na minha cidade, ainda que a cidade não seja minha. Com a globalização que conectou todo o globo, as fronteiras fecharam-se mais e mais. O mundo todo está em todas as cidades, enquanto cada um tenta manter-se sua, espaço múltiplo, porém restrito. Cada cidade é de cada um que a tem como sua. Cidade é propriedade, a cidade é pública.

5º parágrafo: conclusão do texto. A citação de um conhecido verso de Drummond retoma a tese anunciada na abertura do 1º parágrafo: “a cidade é um mundo em miniatura”.
 
JUNKES, Larissa. Vestibular Unicamp: redações 2004. Campinas: Editora da Unicamp, 2004. p. 77-80.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário