Texto
dissertativo-argumentativo
A dissertação/argumentativa é um texto que se caracteriza por
analisar, explicar, interpretar e avaliar os vários aspectos associados a uma
determinada questão. A finalidade da dissertação/argumentativa, portanto, é
explicitar um ponto de vista claro e articulado sobre um tema específico.
|
A seguir a
apresentação de um texto de um candidato (não foram feitas alterações ou
correções neste texto a seguir).
Essa dissertação foi escrita em resposta à seguinte proposta:
Trabalhe sua dissertação a partir do
seguinte recorte temático:
A
cidade é o lugar da vida, espaço físico no qual acontecem encontros,
negociações, tensões, num dinamismo permanente de criação e transformação.
Instruções:
·Discuta
a cidade como um espaço múltiplo;
·Argumente
em favor de uma visão dinâmica dessa
multiplicidade;
·Explore
os argumentos para mostrar que a cidade é um espaço
que se configura a partir
de relações diversas.
Estrutura
Com o auxílio de uma
dissertação/argumentativa, também escrita em resposta ao tema cidade, vamos compreender melhor o que
significa afirmar que esses textos se estruturam em torno de uma introdução, um
desenvolvimento e uma conclusão.
Cidade: sincretismo do mundo
Título: apresentação concisa da tese a ser
desenvolvida no texto.
O
termo sincretismo foi escolhido
para representar a multiplicidade características das cidades.
|
(Observação - Sincretismo: fusão de
elementos culturais diversos, ou de culturas distintas, ou de diferentes
sistemas sociais.)
Cada cidade é um mundo em miniatura
onde coexistem os mais diferentes tipos humanos, arquitetônicos e naturais. Com
seu dinamismo, a cidade atrai e expele, glorifica e massacra, dá a vida e
também a tira de seus filhos sejam eles naturais ou adotivos. Somos nela
criados, somos por ela educados, sentimo-nos estrangeiros fora de nossa cidade,
ela é o centro da nossa existência.
1º parágrafo: início do texto pela apresentação da
tese que a autora irá defender por
meio de sua análise. Esse parágrafo cria a expectativa do que deverá ser
demonstrado pelo texto para comprovar a tese anunciada.
|
Miscigenação de raças, classes sociais e
profissionais, desenhos habitacionais cotidianos e irregulares, sede do poder e
da pobreza, o centro urbano reúne em si vitória e derrota, felicidade e dor,
contradição. Há o que busca a vida tranquila na rocinha, há o que busca apenas
o lazer no shopping center, o reduto
mundial do consumismo. Cidade é permissão. Cidade é coação. "Faz o que tu
queres, mas serás julgado por tudo." A cidade é o espaço singular onde
nascemos, vivemos e morreremos, que conhecemos tão bem, mas que explicamos sem
explicar. A cidade ou não tem explicação ou permite todas as explicações.
2º parágrafo: início da análise (etapa de
desenvolvimento) A autora do texto enumera uma série de características
observáveis nas cidades, que, por si sós, já constituem argumentos para sustentar a tese de que a cidade é o espaço
múltiplo, “um mundo em miniatura.”
|
O espaço urbano é construído com
base nos tipos que nele habitam ou são os tipos que são moldados pelo ambiente?
Local da multiplicidade, da integração e da discórdia, o sincretismo urbano é,
para muitos, o sonho da mudança acertada, o caminho da felicidade. É São Paulo
para os sertanejos. É Rio de Janeiro para Macabeia: é a cidade feita contra
pessoas. Visão ingênua desse mundo contraditório, ela representa a realização
do sonho das massas. A cidade, em sua grandiosidade, é protetora e é perversa,
é a paz e é o inferno, é a certeza e é a contradição. Há a possibilidade de se
filosofar sobre ela, de divagar sobre seus prós e seus contras, sobre seu bem e
sobre o mal. Todavia, conhecer uma cidade é como conhecer uma pessoa, é
vivê-la, é sofrê-la, é amá-la. A cidade é a nossa própria vida.
3º parágrafo: introduzido por uma pergunta, esse
parágrafo continua a enumerar aspectos observáveis nos centros urbanos.
|
Tanto é
a nossa vida que está em nós. Está em nossas roupas, em nosso jeito de ser, em
nossos gostos, em nossa falta. O porto-alegrense é um singular. Ao
florianopolitano não tem igual, é o mané da ilha, Guga para o mundo. Quem
confunde um carioca com um soteropolitano? Cidade é identidade. Somos a nossa
cidade, somos estrangeiros fora dela. Curitibano em Manaus é brasileiro no
Japão - ambos expatriados - porque o fixo e o fluxo de Curitiba e de Manaus são
opostos, como os do Brasil o são aos do Japão. Uma cidade forma-se de pessoas,
partículas homogêneas que, todas juntas com suas diferenças, dão o ar
heterogêneo que é a cara da cidade.
4º
parágrafo: demonstração,
por meio de exemplos, das justificações para a metáfora que concluiu o 3º
parágrafo.
|
Mundo, vasto mundo, teu início é na
minha cidade, ainda que a cidade não seja minha. Com a globalização que conectou
todo o globo, as fronteiras fecharam-se mais e mais. O mundo todo está em todas
as cidades, enquanto cada um tenta manter-se sua, espaço múltiplo, porém
restrito. Cada cidade é de cada um que a tem como sua. Cidade é propriedade, a cidade
é pública.
5º
parágrafo: conclusão
do texto. A citação de um conhecido verso de Drummond retoma a tese anunciada
na abertura do 1º parágrafo: “a cidade é um mundo em miniatura”.
|
JUNKES,
Larissa. Vestibular Unicamp: redações
2004. Campinas: Editora da Unicamp, 2004. p. 77-80.
Nenhum comentário:
Postar um comentário