sábado, 20 de abril de 2013

História - Conteúdos trabalhados até agora - Parte 5

Por Prof. Moisés

ATENAS



Atenas desenvolveu-se como sendo o centro político e econômico da planície da ática; esta região se comunica mais facilmente com o mar do que com o interior do continente, em função de seu relevo.
A ática apresentava um solo relativamente fértil, um boa reserva florestal que fornecia, abundantemente, madeira para a construção naval, grandes reservas de prata e chumbo, muita argila e grandes pedreiras de calcário e mármore. Dentre os recursos naturais disponíveis o ferro era o material mais escasso.
Primitivamente, desenvolveram-se diversas comunidades na planície da ática, que foram progressivamente sendo unificadas em torno de um centro político instalado na Acrópole de Atenas. Tal processo foi gradual e pacífico e recebeu o nome de sinecismo; esse,levou à instalação de uma monarquia.
O fortalecimento da aristocracia, formada por grandes proprietários de terra, fez com que a monarquia se transformasse, progressivamente, numa oligarquia aristocrática. Tal evolução aconteceu pacificamente, através do esvaziamento das funções do Basileu,que aos poucos tornou-se apenas um chefe religioso. Simultaneamente, foram surgindo outras magistraturas: o Polemarca, a quem competia a chefia militar; o Arconte, responsável pela administração e os seis Tesmotetas , que eram os juízes e guardiões da lei.Os magistrados eram eleitos anualmente pela Eclésia, assembleia de todos os cidadãos. Havia ainda o Areópago, conselho formado exclusivamente por elementos recrutados dentre a aristocracia, os componentes desse grupo cooperavam com os magistrados na direção da polis.
Com a configuração política da oligarquia, verificamos o surgimento de uma nova estratificação social que, ao invés de ser baseada em critérios de nascimento, sustentava-se por critérios determinados a partir das rendas e propriedades dos indivíduos. Essa estratificação ampliou o número de cidadãos e tornou possível aumentar os efetivos militares, e consequentemente, o poderio do Estado.
O crescimento demográfico, aliado a outros fatores já mencionados, fez com que Atenas empreendesse tenazmente uma ação colonizatória no Mediterrâneo. Tal feito impulsionou as atividades mercantis e fortaleceu as camadas urbanas; ao mesmo tempo, as atividades agrárias conheciam uma radical transformação: o desenvolvimento da vinicultura e das oliveiras.
Um fato relevante é que ao lado da aristocracia, até então hegemônica em termos políticos, passa a existir uma camada social ligada às atividades mercantis (comércio e artesanato) , que conheceu um rápido processo de enriquecimento passando a reivindicar uma posição mais atuante no aparelho do Estado.
O processo de desenvolvimento mercantil foi acompanhado por uma crise agrária que atingiu, fundamentalmente, os pequenos proprietários que se viam empobrecidos e mesmo escravizados por dívidas. Em síntese, havia uma crescente insatisfação popular que pôde ser utilizada pelas camadas mercantis como instrumento de pressão para a realização de transformações políticas.
As primeiras manifestações para a transformação política ocorreram de forma pacífica. A própria estrutura oligárquica, pressionada pelos setores urbanos e populares, formou legisladores encarregados de reformas que aplacassem a tensão sociopolítica e permitissem a continuidade do domínio aristocrático. Dracon,o primeiro legislador, em 621 a.C., elaborou as primeiras leis escritas de Atenas;


as leis draconianas caracterizaram-se por sua excessiva severidade. Essas regras não chegaram até os documentos escritos; sendo assim, tal legislação não teve seu caráter efetivamente demonstrado. Mais tarde, a simples existência de leis escritas coibiu a arbitrariedade com o qual os juízes (aristocratas) julgavam os não-aristocratas.
Pouco após a elaboração das leis draconianas, um segundo legislado, foi constituído:Sólon. Em 594 a.C., Sólon elaborou profunda reformas nas leis de Dracon.
ATENAS
Os principais aspectos das reformas de Sólon foram:
  • amenização da severidade das leis draconianas;
  • fim da escravidão por dívidas;
  • devolução das terras que haviam sido tomadas pelos credores dos seus proprietários originais;
  • estabelecimento de um tamanho limite para as propriedades agrárias;
  • admissão dos tetas (trabalhadores livres não-proprietários de terra) na Eclésia;
  • criação do Heliaea (tribunal de justiça do qual todos os cidadãos podiam participar);
  • as magistraturas passaram a ser exercidas por todos os cidadãos.
Vale a pena destacar o fato de que, em Atenas, eram cidadãos apenas os homens livres não-estrangeiros; sendo assim, os estrangeiros e os escravos não possuíam direitos civis.
Sólon fez com que todos os cidadãos pudessem exercer as magistraturas; entretanto, na prática,só os indivíduos mais ricos se ocupavam das funções dos magistrados (Basileu, Polemarco, Arconte e Tesmotetas), pois estas exigiam dedicação exclusiva sem remuneração.
As reformas de Sólon ampliaram a faixa de participação dos cidadãos ligados às atividades mercantis, atenderam parcialmente os interesses das camadas populares e aboliram a escravidão por dívidas. Só que essa mudanças não foram bem aceitas nem pela aristocracia e nem pelas camadas populares desejosas de reformas mais profundas do que as efetuadas , grande parte da insatisfação do povo estava ligada à estrutura da propriedade fundiária.Apesar desse descontentamento proveniente de diversas camadas sociais, não há como negar que após as reformas de Sólon, Atenas conheceu um período de relativa paz social; fato este que permitiu o desenvolvimento de uma política imperialista, cuja primeira manifestação concreta foi o conjunto de lutas contra Mégara acerca da posse de Salamino. Nessas batalhas, Pisístrato, grande general, foi importantíssimo. Em 561 a.c, com ampla base de apoio popular, esse general tomou o poder em Atenas estabelecendo a Tirania , governo de um tirano. Na Grécia Antiga, tirano era o indivíduo que tomava o poder pela força das armas. Pisístrato exerceu a Tirania de 561 a 528 a.C., ou seja, da tomada do poder até sua morte. Com a instalação da Tirania, esse líder não extinguiu a estrutura político-administrativa estabelecida por Sólon, apenas superpôs uma nova e superior esfera de poder, ou seja, o tirano colocou-se acima da estrutura já existente.

Dentre as realizações de Pisístrato, estão:
  • o enfraquecimento da aristocracia, através do confisco de parte substantiva de suas terras, e a distribuição destas áreas para os cidadãos pobres;
  • a montagem de uma poderosa frota naval, objetivando o estabelecimento da hegemonia ateniense no Mediterrâneo Oriental.
Com a morte de Pisístrato, seus filhos Hiparco e Hípias o sucederam no poder. Pouco após essa sucessão, uma conspiração aristocrática assassinou Hiparco, provocando a adoção de uma política intensamente repressiva por parte de Hípias. Tal forma de liderança causou uma progressiva perda das bases políticas de Hípias, fato que acabou criando as condições necessárias para um movimento insurrecional que derrubou a Tirania. Com o fim dessa forma de governo, o poder foi concentrado nas mãos de um novo legislador,Clístenes, que realizou as reformas que conduziram Atenas à condição de uma Democracia. No início de seu governo, Clístenes sofreu uma intensa oposição da aristocracia, que se aliou a Esparta. Os espartanos chegaram a ocupar Atenas, mas logo foram expulsos; esse evento só contribuiu para o fortalecimento de Clístenes e de suas pretensões reformistas.
As reformas de Clístenes instalaram em Atenas uma nova sistemática política, cujas ideias fundamentais eram a igualdade política de todos os cidadãos e a participação direta dos mesmos na máquina governamental.
O principal aspecto de suas reformas foi a criação de uma nova estrutura de recrutamento para a participação política. Os cidadãos foram distribuídos em demos(unidades organizacionais de caráter local às quais todos os cidadãos eram obrigados a pertencer formalmente).
O conjunto dos demos foi distribuído em três grupos:
  • o primeiro reunia os demos da cidade de Atenas (nos quais predominavam os indivíduos ligados às atividades de comércio e artesanato, além dos trabalhadores urbanos);
  • o segundo reunia os demos do litoral (que agregavam os navegadores e pescadores);
  • o terceiro reunia os demos do interior (que agregavam os proprietários rurais grandes e pequenos).
·         Cada um desses grupos era dividido em dez Tritia (cada qual formada por vários demos). Três tritias (uma de cada grupo) formavam uma Tribo.
·         Essas dez tribos formavam a base para o recrutamento político e militar necessário. é importante saber que em cada tribo havia participação indistinta dos diversos estratos sociais.
·         Cada tribo fornecia uma unidade militar sob o comando de um Estratego , eleito pela própria tribo.
·         A Boulê ou Conselho dos Quinhentos, formada por cinquenta elementos de cada tribo, passou a ser o principal órgão executivo do governo.
·         As funções legislativas foram integralmente concentradas nas mãos da Eclésia(assembleias de todos os cidadãos).
·         As funções judiciárias pertenciam ao Heliaea (tribunal formado por juízes eleitos anualmente, em número idêntico para cada tribo, pela Eclésia).





·         Com essas reformas, todos os cidadãos, independentemente de sua condição socioeconômica, passaram a participar diretamente do exercício do poder político. Com isso, Atenas atingiu seu esplendor democrático. Só que o conceito de cidadania era restrito aos homens livres nascidos em Atenas; consequentemente, mulheres, escravos e estrangeiros não tinham acesso ao poder político; logo, a democracia ateniense não era o governo de todos, e sim o governo de todos os cidadãos. Ainda assim, as reformas realizadas por Clístenes reduziram muito os níveis de tensão social e contestação política existentes.

As bases da cultura e da civilização grega devem ser buscadas entre os egeus; os povos indo-europeus que deram origem à nação grega assimilaram aquilo de mais significativo produzido por esse grupo.
Em função do desenvolvimento da colonização mediterrânea, particularmente no que diz respeito ao estabelecimento de colônias na ásia Menor, a civilização grega entrou em contato com as civilizações orientais (egípcia e mesopotâmica principalmente), das quais recebeu fortes influências.
A partir desses dois fundamentos, os gregos desenvolveram uma cultura e uma civilização originais, que podem ser consideradas fatores fundamentais da unidade nacional grega.
Um segundo fator dessa unidade era a religião. Os gregos praticavam um politeísmo cujos deuses, além de serem representados com formas humanas (Antropomorfismo), eram efetivamente humanizados em seus comportamentos e histórias. Os deuses gregos, além de suas virtudes, possuíam defeitos humanos. A vida dos deuses era contada através de lendas (Mitologia) que, de uma certa forma, foram sistematizadas nos poemas homéricos.
O templo era considerado como a casa do deus e, por isso , merecia um cuidado arquitetônico distinto do dado as demais edificações gregas.
Cada polis tinha seu deus principal, ao qual era dedicado o mais imponente templo da cidade. Ainda assim, havia alguns templos que adquiriam uma importância que transcendia o âmbito restrito da polis. é o caso do Templo de Apolo, em Delfos, cujo oráculo era consultado indistintamente por todos os gregos; é também o caso do Templo de Zeus, em Olímpia, onde, de quatro em quatro anos, eram realizados os Jogos Olímpicos, atividades nas quais atletas de toda a Grécia tomavam parte
Em termos de literatura, a poesia épica foi o primeiro ramo desenvolvido. No período arcaico, os poemas homéricos conheceram sua primeira edição; nessa época viveu Hesíodo, poeta de origem campesina, cujas principais obras são: A Teogonia, em que tentou organizar a genealogia dos deuses e Os Trabalhadores e os Dias, em que narra o cotidiano da vida rural grega de seu tempo. Ainda no período arcaico, nasceu a poesia lírica, cujos principais representantes, naquele momento, foram Alceu e a poetisa Safo.


Nas suas origens, a ciência e a filosofia se confundiram bastante. No período arcaico, a principal preocupação dos filósofos era a de encontrar o elemento primário da vida, a partir do qual o mundo e o homem teriam surgido. O primeiro dos nomes conhecidos é o de Tales de Mileto, cuja maior especulação dizia respeito à formação das leis que regiam o conhecimento da ciência abstrata. Além disso, Tales desenvolveu uma série de conhecimento práticos, especialmente em Matemática, e formulou a teoria de que a substância primária era a água.
Dentre os discípulos de Tales de Mileto, merecem destaque: Anaxímenes que via no ar a substância primária, e Anaximandro, para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua inter-relação. Dois outros filósofos merecem destaque: Xenófanes, que acreditava em um único deus que dirigia as forças do mundo e considerava o politeísmo e as lendas acerca da vida dos deuses como simples invenções da imaginação humana, e Pitágoras de Samo, para quem os segredos do universo estão na harmonia dos números.
A arquitetura grega manifestou sua máxima produtividade e esplendor na construção dos templos. Para essa arquitetura, as ideias de proporção e harmonia eram fundamentais, partindo delas formaram-se dois estilos básicos: o dórico (severo e funcional) e o jônico (luxuoso e elegante).
A escultura exercia um papel efetivamente independente da arquitetura, sendo que a estatuária, trabalhada fundamentalmente em mármore, preocupava-se com o rigor anatômico e com a precisão dos movimentos e detalhes.

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