A crescente penetração , na Grécia, de produtos agrícolas coloniais determinou a decadência do sistema agrário tradicional. Inicialmente, os pequenos proprietários viram-se arruinados pela concorrência colonial; depois, a própria aristocracia teve seu poderio econômico abalado.As terras em mãos da aristocracia foram sendo progressivamente aproveitadas para o plantio da vinha e da oliva. Paralelamente, desenvolveu-se a produção do vinho e do azeite. Configurou-se, dessa forma, uma reciprocidade comercial: as colônias forneciam alimentos, a Grécia fornecia vinho e azeite.
O trato da vinha e da oliva exigia grandes contingentes de mão de obra, fato este que contribuiu para o crescimento da escravidão. Na Grécia, além do escravo obtido por conquista ou compra, havia o escravo por dívidas (o devedor que não podia pagar aquilo que devia era escravizado pelo credor como forma de pagamento). A escravidão por dívidas atingia, fundamentalmente, os pequenos proprietários de terra que, depois de perderem suas propriedades, acabavam perdendo a liberdade.
Verificamos que a colonização trouxe consigo um notável desenvolvimento comercial que serviu de estímulo para o incremento da vida urbana e, consequentemente, das atividades artesanais. A camada social constituída por indivíduos ligados a atividades urbanas (comércio, artesanato e funções liberais) viu-se fortalecida e multiplicou-se .
Resumindo: as necessidades da sociedade aristocrática grega levaram à ocorrência de uma colonização no Mediterrâneo; tal colonização desencadeou um desenvolvimento mercantil e uma crise agrária na Grécia; essa crise significou um enfraquecimento econômico e político da aristocracia; o desenvolvimento mercantil gerou um fortalecimento econômico e político das camadas sociais urbanas.
Na Grécia, nesse período (séculos VIII a VI a.C.) o poder econômico concentrava-se cada vez mais nas mãos das camadas urbanas, enquanto o poder político continuava monopolizado pela aristocracia fundiária.Tal contradição, somada às crescentes tensões sociais, serviu de vetor para uma série de transformações políticas que ocorreram nas cidades-estados grega. Essas transformações políticas
aconteceram sempre no sentido da evolução de uma oligarquia (governo de poucos) para uma democracia (governo de todos os cidadãos).
Os principais agentes dessa evolução política foram os legisladores e os tiranos. Os legisladores eram indivíduos nomeados pela aristocracia para realizarem reformas capazes de aliviar a tensão social e a contestação política. Os tiranos eram líderes que tomavam o poder pela força, geralmente com apoio popular; uma vez no poder, os tiranos realizavam reformas políticas e sociais mais ou menos profundas.
No Período Arcaico da história da Grécia (séculos VIII a VI a.C.), verificamos uma crescente urbanização econômica e, consequentemente, um deslocamento do poder político das mãos da aristocracia fundiária para as mãos das camadas urbanas. Só que tais processos não ocorreram da mesma forma e nem simultaneamente nas diversas cidades-estados gregas.
Cada cidade-estado (polis é o termo grego) da Grécia conheceu seu próprio processo evolutivo; duas delas, Esparta e Atenas, foram as mais notáveis e importantes polis do Período Arcaico
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